quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

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Estava assim folheando distraidamente ao livro, tentando compreender aquele episódio dos sapos. Não havia nada de diferente nele. Talvez apenas o fato dele estar no chão. Todas as prateleiras tinham seus livros meticulosamente organizados pela ordem alfabética e de onde estava podia ver o pequeno vão de onde ele havia saído. Eu não o havia tirado do lugar e estando ali sozinho, isso apenas me intrigava mais. Fui caminhando pensativamente pelo corredor quando me dei conta que novas palavras se dissolviam na parede. Mal tive tempo de entendê-las antes que se tornassem borrões e se fundissem em um único ponto novamente até virar uma nova ave. 

Ficou ótimo, Maximiliano. Gostei muito! Obrigada!

 Corri até o bloco para anotar a nova mensagem antes que minha memória embotasse. Mas algo já me deixava intrigado antes mesmo de deslizar a tinta pela primeira palavra. Alguém me conhecia! Meu nome esta ali assinalado, sem sombra de dúvidas. Porém, ao que se devia o agradecimento? O novo beija-flor veio flutuar diante de meus olhos como os demais haviam feito. Aparentemente, o batismo era um requisito por eles apreciado. Como ainda estivesse com o livro na mão falei distraidamente:
- Príncipe
Apesar de que depois fiquei na dúvida. Essa também era uma ave tão miúdo quanto Immia. Será que se tratava de uma fêmea? Dei de ombros quando o vi voar rápido até os outros dois como se fosse uma criança ávida por contar uma novidade. Voltei minha atenção para o livro, disposto a decifrar ao menos aquele enigma apesar da sensação de que estava sendo observado não me abandonar. Afinal, meu nome havia sido mencionado. Em parte me sentia alegre por poder contar com o fato de ser lembrado. Pensei que  minha existência houvesse sido apagada com todo o resto. Mas ali estava alguém que me chamava pelo nome e que me era grato. 
Voltei para a prateleira com tais pensamentos rondando a cabeça misturados com a curiosidade sobre o que havia acontecido no episódio dos sapos. Talvez o segredo estivesse nos livros daquela autora. Varri os olhos pelas prateleiras. 

Os títulos não indicavam nada perigoso. Depois de ver os sapos, dificilmente eu abriria algo com o título de cobras ou mortos vivos já que não tinha ideia do que estava acontecendo. Folheei, chequei as páginas, verifiquei as lombadas. Não havia nada de diferente. Eram apenas livros. 

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